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Tambaquicultura em RAS

CARACTERISTICAS DA ESPÉCIE

O tambaqui é um peixe de piracema considerado o maior caracídeo da Amazônia, atingindo comprimentos de até um metro e peso além de 30 kg. Essa espécie é a mais cultivada comercialmente na Região Amazônica, principalmente pela fácil obtenção de alevinos, além de bom potencial de crescimento, alta produtividade e rusticidade.

O tambaqui é uma espécie que possui escamas com corpo romboidal, nadadeira adiposa curta,  dentes molariformes e rastros branquiais longos e numerosos, boca prognata pequena e fortes lábios grossos; sua coloração parda na metade superior e preta na metade inferior do corpo podendo variar para mais clara ou escura dependendo da cor da água.

O hábito alimentar dos adultos é predominantemente herbívoro, porém pode alimentar-se de insetos, caramujos e eventualmente de outros peixes, também apresenta outras características importantes, como o hábito alimentar diversificado, rápido crescimento, facilidade na produção de alevinos e adaptações ao ambiente exposto, pois quando exposto à hipoxia, apresenta como adaptação o desenvolvimento do lábio inferior, que serve para capturar o oxigênio presente na lâmina superficial da coluna d’água.

Resistente à amônia ao nível de  0,46 mg/l de amônia não ionizada. Guelra com filtradores pronunciados  e grandes dentes orais.   Possui grande valor econômico e sua carne é de grande aceitação no mercado, observando-se, no entanto que, sua abundância na natureza vem se reduzindo devido ao excesso da exploração pesqueira, embora seja considerada a espécie nativa mais estudada e sobre a qual se gerou mais conhecimento sobre a criação em cativeiro.

Entretanto, existem desvantagens na criação em cativeiro do tambaqui, a maior restrição ao cultivo é a temperatura, pois a criação dessa espécie apresenta sérios problemas de crescimento quando a temperatura da água atinge valores inferiores a 18,0 °C, exigindo constante monitoramento desse parâmetro. A faixa ideal de temperatura para o tambaqui é de 26-32ºC, o nível mínimo de oxigênio dissolvido é de 1 a 3mg/L

CARACTERÍSTICA ALIMENTAR DO TAMBAQUI

O hábito alimentar do tambaqui é muito diversificado, essa espécie é considerada onívora com tendência a herbívora, filtradora, frugívora e suas preferências por alimento mudam à medida que o peixe cresce, passando de zooplâncton a sementes e frutas. Uma característica interessante é a capacidade de mudar o perfil enzimático do trato gastrintestinal de acordo com a qualidade do alimento ingerido, por esse motivo é considerada como espécie rústica, podendo aceitar em sistemas de criação, os mais variados tipos de alimentação.

A alimentação principal do tambaqui é constituída por microcrustáceos planctônicos e frutas, algas filamentosas, plantas aquáticas frescas e em decomposição, insetos aquáticos e terrestres que caem na água, caracóis, caramujos, frutas secas e carnosas e sementes duras e moles. O tambaqui alimenta-se rápido e agressivamente, não dando tempo para outros peixes comerem, no entanto em sistema de policultivo pode ser cultivado junto com a curimatã, a carpa comum, a carpa prateada, a carpa cabeça grande e a carpa capim. Atinge peso médio de 1,5 Kg em um ano de cultivo, podendo chegar até 3 Kg de peso vivo, em criações comerciais.

O intestino é relativamente comprido em relação ao corpo do animal, perfazendo cerca de 2 a 2,5 vezes o comprimento corporal, o trato gastrintestinal do tambaqui pode ser morfologicamente dividido em cinco porções esôfago, estômago, cecos pilóricos, intestino proximal e intestino distal – observando-se diferenças entre as mesmas quanto à predominância de enzimas digestivas sendo que a digestão concentra-se, principalmente, nos cecos pilóricos e intestino proximal.

Atualmente, um grande número de piscigranjas emprega rações completas e, como conseqüência, tem obtido bons resultados zootécnicos. A produtividade em piscicultura depende principalmente da qualidade dos ingredientes que compõem a ração e da eficiência de seu processamento. A garantia de obtenção de ótima resposta produtiva e máximo crescimento dos peixes depende do atendimento das necessidades protéico-energéticas e demais nutrientes essenciais.

Para tanto, é necessário considerar os aspectos qualitativos e quantitativos da alimentação. Qualquer desvio da composição ideal modificará a necessidade quantitativa. A certeza de que os peixes estão recebendo a fração correspondente à sua exigência garante a obtenção de ótima conversão alimentar.

Sabe-se que a eficiência de aproveitamento da ração para o máximo crescimento depende principalmente de sua composição. Quando a ração apresenta-se deficiente em qualquer nutriente essencial para o crescimento, como aminoácido, vitamina ou mineral, será necessária maior quantidade de alimento para satisfazer essa exigência, tendo como conseqüência menor eficiência alimentar.

Na fase juvenil a exigência proteica para o tambaqui é de 22% de proteína bruta com 18 g, para pós-larvas até de alevinos, o alimento deverá ser fornecido, no mínimo, quatro vezes ao dia. A ração deve ser triturada e até mesmo finalmente pulverizada, dependendo do tamanho da boca das pós-larvas. Nessa fase, podem ingerir até mais de 10% do peso vivo diariamente.  Para os alevinos entre 5,0 e 20,0 g, após o primeiro mês, já se alimentam com rações extrusadas e posteriormente, trituradas, na proporção de 5 a 8% de peso vivo, devendo a ração ser fornecida pelo menos quatro vezes ao dia. Para os peixes no estado juvenil, entre 80 e 250 g, devem ser alimentados de três a quatro vezes ao dia na proporção de 3 a 5% do peso vivo, com rações extrusadas de 4 a 5 mm de diâmetro e na fase de engorda, acima de 250g, a ração deve ser fornecida na proporção de 2 a 3% do peso vivo, com 6,0 até 10 mm de diâmetro. A ração deve continuar até a fase final da engorda (acabamento),1 a 2% do peso vivo quando os peixes ingerem, 1 a 3 kg do peso vivo.

CRIAÇÃO FASE RECRIA

A recria consiste em criação de alevinos I, peixes com média de comprimento de 3 cm e 1 g de peso, até o porte adequado para a engorda, que pode ser iniciada com peixes pesando 100 g.

– Taxa de estocagem inicial: 5 a 10 alevinos /m²;
– Período: 60 a 90 dias;
– Sobrevivência final: 80%;
– Renovação de água: 1 a 3% para manutenção dos padrões mínimos desejados;
– Taxa mínima de oxigênio dissolvido: 4mg/l;
– Taxa máxima de amônia: 2mg/l;
– Peso médio final: 100g;
– Conversão alimentar aparente: 1:1;
– Estocagem final: 4 a 8 juvenis/m²;
– Produtividade média final: 400 a 800g/m²;

Quadro da quantidade de ração para tambaqui na fase de recria 

CRIAÇÃO FASE ENGORDA

A partir do peso de 100g começamos a tratar dos peixes para sua etapa final de engorda até que estejam no peso esperado em um período que vai de 240 a 300 dias. Deve-se manter a oxigenação da água de 4mg/l dissolvido, para que ocorra uma boa conversão alimentar aparente, sendo entre 1,4 a 2 Kg de ração para cada 1 Kg de carne. 

Quadro da quantidade de ração para tambaqui na fase de engorda

Para criação em sistemas intensivos em recirculação em três fases (cria , recria e engorda) é possivel criar em densidades de 40 a 70 kg/m³ na engorda. Uma espécie que aceita viver em grupo, em alta densidade, com rações , com teores de amônia alto, com temperaturas médias de 28 a 30 graus.

Sugestão de sistemas de criação para tambaqui

Fontes:Manual de criação de peixes em viveiro / Regina Helena Sant’Ana de Faria [etal.]. – Brasília : Codevasf, 2013.132 p. : il.

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