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Truticultura em RAS

ORIGEM

A truta arco-íris, Oncorhynchus mykiss, é um peixe da família do salmão, originária do oeste da América do Norte. Foi introduzida no Brasil por volta de 1949, por iniciativa do Ministério da Agricultura para povoar os rios das regiões serranas, pobres em fauna aquática nativa. A truta encontrou nas frias corredeiras do nosso país o hábitat perfeito para sua criação e, devido às suas características, logo despertou grande interesse por parte de criadores em realizar o seu cultivo comercial.

A truta arco-íris é um peixe resistente que é fácil de desovar, cresce rapidamente, é tolerante a uma ampla gama de ambientes e manuseio, pode ser facilmente criada com uma dieta artificial em todo seu ciclo de criação e na fase inicial, alimenta-se de zooplâncton.  Ela pode resistir a grandes variações de temperatura (0-27 ° C), mas a desova ocorre em uma faixa mais estreita (9-14 ° C). A temperatura ideal da água para a cultura da truta arco-íris é inferior a 21 ° C. Como resultado, a temperatura ea disponibilidade alimentar influenciam o crescimento ea maturação, fazendo com que a idade na maturidade pode variar de 2 a 3 anos.

As fêmeas são capazes de produzir até 2 000 ovos / kg de peso corporal, ovos grandes com diâmetro (3-7 mm). A maioria dos peixes só desova uma vez, no inverno (julho e agosto), embora a criação seletiva eo ajuste de fotoperíodo tenham desenvolvido estirpes de incubação que podem amadurecer mais cedo e gerar durante todo o ano.  A truta não produz naturalmente em sistemas de cultivo, os juvenis devem ser obtidos por desova artificial em um incubatório.  
 
PROPRIEDADES FÍSICAS

1. TEMPERATURA

As trutas são animais ectotérmicos, isto é, não tem capacidade de regular sua temperatura corpórea, e todos os seus processos biológicos são condicionados pela temperatura da água. Os limites favoráveis para a criação da truta são 9 a 20ºC sendo 15ºC a temperatura onde a truta apresenta o seu melhor desempenho.  O aumento da temperatura provoca:

                              1.diminuição do oxigênio dissolvido na água;    2.aumento do consumo de oxigênio;

                              3.aumento da toxidez da amônia;           4.aumento da Demanda de oxigenio  e Demanda química do oxigenio;

                              5. desenvolvimento de organismos patogênicos.
 
2. TURBIDEZ E COR (Transparência)
 
A turbidez está relacionada com as partículas em suspensão enquanto que a cor é dada pelo tipo e teor de substâncias orgânicas e inorgânicas dissolvidas na água (filtrável). Concentrações elevadas de partículas em suspensão (maior que 70mg/l) são prejudiciais à truta pois: irritam a superfície branquial comprometendo as trocas gasosas, sedimentam sobre os ovos provocando perdas na incubação, dificultam a apreensão da ração (menor visibilidade)
 
PROPRIEDADES QUÍMICAS
As características químicas das águas naturais dependem da composição da água das chuvas que caem na área de drenagem, da topografia, da composição geológica e da vegetação existente no ambiente.
 
1. OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)
As águas de rios, sob condições naturais, apresentam altas concentrações de oxigênio tendendo à saturação. Os fatores que mais contribuem para a variação do teor de OD na água são:
                          pressão atmosférica,
                          temperatura, turbulência,
                          fotossíntese,
                          conteúdo de sais, respiração e oxidação, e águas de efluentes 
O OD na água é o principal fator limitante da produção aquática. Em baixas concentrações de OD na água (menor que 5,5mg/l) a truta apresenta dificuldade na respiração
(OD residual= 5,5mg/l).
 
2. pH (potencial hidrogeniônico)
 
Os valores do pH compatíveis para a sobrevivência da truta estão compreendidos entre 5,5 e 9,0 sendo recomendado um pH ligeiramente ácido, pois águas alcalinas aumentam a toxicidade dos compostos nitrogenados. De um modo geral, as águas interiores apresentam um equilíbrio do pH em função do sistema tampão (reserva alcalina). / + água – ácido carbônico CO2 \+ carbonato de cálcio – bicarbonato de cálcio (solúvel)
 
3. COMPOSTOS NITROGENADOS
 
Estes compostos têm importância especial pois são produtos de excreção da truta. São provenientes do metabolismo protéico e tem caráter tóxico. A amônia é um gás solúvel na água (eliminada pelas brânquias) e se encontra na forma ionizada (NH4 +) combinada, ou na forma livre (NH3 ) que é tóxica aos peixes. Este equilíbrio depende do pH e da temperatura da água. Em presença de bactérias nitrificantes e de oxigênio a amônia é transformada em nitrito e depois em nitrato que é a principal fonte de nitrogênio na água para a síntese protéica dos vegetais. A amônia provoca uma irritação da superfície braquial, prejudicando a respiração e levando a um quadro de debilidade generalizada.
 
A amônia constitui outro fator limitante de produção. Portanto, em cultivos com suplementação de oxigênio, a densidade de estocagem em um tanque passa a ser a limitada em função da toxidez dos compostos nitrogenados.  Outras variáveis: – condutividade, alcalinidade, DBO, – nitrogênio e gás carbônico.
 

SISTEMA DE PRODUÇÃO

 
A truta arco-íris, deve ser criadas em sistemas intensivos  na maioria das situações para tornar a criação economicamente atrativa, o local potencial para a produção comercial de trutas deve ter um fornecimento durante todo o ano de água de alta qualidade (sem aeração – 1 l / min / kg de truta sem aeração ou 5 l / s / tonelada de truta com aeração), que atende a uma série de critério:
DO 2 :Perto da saturação.
CO 2 :<2,0 ppm.
Temperatura:12-21ºC.
PH:6,5-8,5.
A alcalinidade (como CaCO 3 ):10-400 mg / litro.
Manganês:<0,01 mg / litro.
Ferro:<1,0 mg / litro.
Zinco:<0,05 mg / litro.
Cobre:<0,006 mg / litro em água macia ou <0,3 mg / litro em água dura.
A água subterrânea pode ser utilizada por bombeamento, mas a aeração  necessária. Água recirculada saturada com nitrogênio dissolvido pode causar bolhas de gás para formar no sangue de peixes, impedindo a circulação, uma condição conhecida como doença de bolha de gás. A água do rio pode ser usada, mas as flutuações de temperatura e fluxo alteram a capacidade de produção,  geralmente  é criada em tanques retangulares ou  viveiros abastecidos com água corrente, ou produzidas em gaiolas ou em sistemas de recirculação.
 
A forma do tanque que apresenta melhor resultado para esta criação é a circular, com escoamento central, pois além de favorecer a limpeza, impede a formação de espaços “mortos”, isto é, sem circulação de água. A altura média da água deve ser ao redor de 1 metro, entretanto, a profundidade pode ser aumentada nos casos em que se utiliza a suplementação de oxigênio.
 
O fluxo de água deve ser constante, de forma a permitir uma renovação completa do volume de água contido no tanque a cada hora. Sempre que possível tanto o abastecimento como o escoamento devem ser independentes para cada tanque.   
 

ALIMENTAÇÃO DAS TRUTAS

 
As trutas iniciam a 1ª alimentação na fase final da absorção do saco vitelínico, ou seja, cerca de 20 dias após a eclosão, ocasião em que apresentam o peso e o comprimento ao redor de 100mg e 2cm respectivamente. A ração deve ser específica para trutas (existente no mercado) com balanceamento nutricional adequado a cada fase de cultivo e granulometria ajustada ao tamanho dos peixes.
 
A quantidade de ração fornecida ao dia, varia, principalmente, em função da temperatura e do tamanho do peixe, sendo calculado geralmente em percentual do peso vivo (PV) em cada tanque. Este percentual pode variar de 10% a 1% do PV ao dia, para o tipo seco (10% de umidade), sendo decrescente com o tamanho do peixe, peixes menores apresentam uma maior taxa de crescimento, portanto o reajuste da quantidade de ração deve ser feito a intervalos de 7 dias, conforme a tabela do fornecedor de ração.
 
O tempo que a truta necessita para alcançar o peso comercial (250 a 450g) é variável para cada sistema de produção, podendo ser de 10 a 18 meses de cultivo. A velocidade de crescimento pode ser controlada pela manipulação da taxa de arraçoamento. A densidade de estocagem vai depender principalmente do teor de oxigênio dissolvido na água e do tamanho do peixe. 
 

MANEJO REPRODUTIVO

A recomendação é iniciar a seleção no primeiro ano de vida das trutas, descartando os animais fracos e mal-desenvolvidos, doentes e que apresentem malformações. Os machos já podem estar maduros no primeiro ano de vida, mas como esta característica de precocidade sexual é prejudicial ao ganho de peso, estes machos devem ser descartados, e no segundo ano de vida e com peso médio de 1,5 kg, as trutas chegam à maturidade sexual.

Na época da reprodução no mes de abril as características sexuais secundárias acham-se mais acentuadas que são no macho, as laterais são mais brilhantes e a mandíbula é pronunciada, característica esta mantida por a toda vida e  nas fêmeas têm o corpo arredondado e a cabeça mais delicada,  uma segunda triagem deve ser feita para facilitar o manejo e evitar brigas entre reprodutores, os machos devem ser separados das fêmeas. Abaixo foto com macho acima e fêmea abaixo.

A densidade de estocagem de 10 kg/m3 , uma taxa de arraçoamento pode ser fixada em 1% do peso vivo/dia, devendo-se suspendê-lo pelo menos 24 h antes de se manipular os reprodutores.  Um dos principais fatores responsáveis pela maturação das trutas é a temperatura, sendo que os melhores resultados são obtidos com a temperatura ao redor dos 10 ºC. A desova compreende a extração dos óvulos das fêmeas maduras, que se inicia com triagens em intervalos regulares, através de leve compressão abdominal. Imagem Instituto de Pesca – Base Campos do Jordão- SP

As fêmeas maduras liberam os óvulos na cavidade abdominal, apresentam o ventre abaulado e o orifício genital entumecido e avermelhado.  Quanto mais alta a temperatura, menor o tempo de vida útil dos óvulos na cavidade abdominal.  Óvulos viáveis têm aspecto homogêneo e coloração amarelada (reprodutores que recebem ração com pigmento como alimento apresentam óvulos de coloração salmonada) e variam de 3 a 6 mm de diâmetro.

 
Óvulos que apresentam concentração de vitelo num dos pólos devem ser descartados, pois já estão inviáveis, a fêmea deve ser esgotada e só reutilizada na próxima estação de desova Todo o processo de reprodução deve processar-se ao abrigo de luz solar direta (os óvulos e o sêmen são fotossensíveis), e todo material utilizado na desova deve ser limpo e “seco”, pois a água diminui a taxa de fertilização (a hidratação do ovo causa o fechamento da micrópila, impedindo a penetração do espermatozóide).
 
Uma femêa produz 2.000 óvulos/kg de fêmea e 10 ml de sêmen/macho, aproximadamente, e a proporção utilizada é de 1 macho:4 fêmeas, usando varios machos e varias fêmeas durant a reprodução, os machos podem ser utilizados várias vezes durante o período de reprodução, respeitando-se o intervalo de duas semanas para a sua recuperação, sendo descartados no final do período.
 
Fontes: TABATA, Y. A.. Criação de truta arco-íris. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_2/Truta/Index.htm
               MANEJO REPRODUTIVO DA TRUTA ARCO-ÍRIS * Thaís Moron Machado, thaismoron@pesca.sp.gov.br
 
 
 
 
 
 
 
 

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